Cesária em Israel

Portugal fez-se representar no maior festival de cinema do Médio Oriente com o documentário, “Cesária Évora”, de Ana Sofia Fonseca, uma sentida homenagem à diva dos pés descalços. 

 

   

 

 

Telavive está na moda. A maior parada gay do mundo decorrerá no dia 10 de Junho e as ruas do pós-Covid fervilham de turistas e vida. Durante dez dias, de quinta feira, 26 de maio, a domingo, 5 de junho, a cidade recebe o DocAviv, o maior festival de cinema documental do Médio Oriente, com a presença de realizadores e produtores de todo o mundo e 122 filmes que a dinâmica cinemateca da cidade exibe nas suas quatro salas de cinema. Nestes dias é fácil encontrar nos cafés, Shaunak Sen, o vencedor do melhor documentário no festival de Cannes com o sublime documentário, “All That Breathes”, ou Katherina Wartena, a editora do perturbante, “Three Minutes: A Lengthening”, o vencedor do prémio Yad Vashem para preservação da memória do Holocausto. 

Portugal esteve representado neste festival, através do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal em Tel Aviv, com o documentário, “Cesária Évora”, de Ana Sofia Fonseca, uma sentida homenagem à diva dos pés descalços. Falamos com a realizadora que lamentou a sua ausência em Telavive: “Adoraria ter estado, mas não se proporcionou”. Ana Sofia estará, no entanto, esta semana em Cracóvia, na Polónia, a promover este documentário que aqui arrebatou a audiência. 

 

 O filme de Ana Sofia deixou uma enorme curiosidade em Israel onde, através da polémica lei de regresso dos sefarditas, milhares de Israelitas detêm um passaporte de um país que mal conhecem. E que mais bela introdução ao século XX português do que a vida de Cesária Évora que atravessa o colonialismo, a guerra colonial, a independência de Cabo Verde e o sucesso da World Music? “A voz da Cesária é um retrato da vida dela”, declara Ana Sofia. “Ela tem uma voz marcante, uma voz sentida, uma voz vivida tanto quanto ela sentiu e viveu (...) A vida que teve reflete-se na voz, na sua forma de estar em palco, no fundo quem ela é (...) já passa dos 50 anos quando finalmente tem sucesso e o sucesso nunca a deslumbra.”